Afirmava Max Beckmann: “Na minha opinião tudo o que é essencial na arte, desde Ur, na Caldeia, desde Tel Halaf e Creta, brotou da mais profunda emoção perante o mistério da nossa existência”.
Nada
mais apropriado para apresentar a fantástica coleção de aguarelas que o pintor
Pedro Charneca oferece à nossa contemplação que estas palavras de Beckmann.
O
exercício plástico em Pedro Charneca é muito mais que um simples registo do
quotidiano. A arte não se limita a uma mera combinação de meios – linhas,
formas e cores – que proporcionam o prazer da beleza. Tampouco se limita a um
simples registo do visível. No seu exercício estético, o artista carrega de uma
força emotiva as linhas, formas e cores para comunicar o seu modo de ver,
sentir e ser – a sua linguagem da alma. Rompe o seu silêncio, a sua
incomunicabilidade, e exterioriza tudo aquilo que assimilou da existência.
O
mais impressionante nas aguarelas de Pedro Charneca é que essa comunicação vem carregada
do sentido poético que conduz a sua existência: aqui é um delicado passo de
dança que é arrancado à cena, ganhando vida e linguagem própria; ali um
instante fugaz eternizado, ou a própria palavra do poema feita poema visual… o
artista desconstrói e reconstrói o quotidiano eternizando-o num exercício de
Harmonia e Beleza. Aliado a esta sensibilidade poética, um enorme rigor
técnico, conferindo à obra a sua grandeza e estatuto…
“Ninguém
pode sonhar por ti”. Pedro Charneca abre-nos assim, com esta senha mágica, os
portões do seu jardim encantado, onde a poesia se torna imagem e esta retorna
poema… num fluxo eterno de harmonia e beleza…
Guimarães,
Nov. de 2012
Belíssimo texto. Como quem segue a obra do Pedro, aplaudo esta abrangência e rigor. Parabéns Alberto, grande texto e grande leitura do que sai das mãos do Pedro.
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