quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Pecha Charneca inaugura a Sessão de Poesia


… Suores nocturnos,
olium latejante em meu corpo,
quando te sinto papoila penetrante
em meu físico em teus movimentos
ao vento!
Quando o vento parar,
beijo-te em cada pétala…
 

21-04-2010
Pedro Charneca

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

“NINGUÉM PODE SONHAR POR TI”



Afirmava Max Beckmann: “Na minha opinião tudo o que é essencial na arte, desde Ur, na Caldeia, desde Tel Halaf e Creta, brotou da mais profunda emoção perante o mistério da nossa existência”.

Nada mais apropriado para apresentar a fantástica coleção de aguarelas que o pintor Pedro Charneca oferece à nossa contemplação que estas palavras de Beckmann.

O exercício plástico em Pedro Charneca é muito mais que um simples registo do quotidiano. A arte não se limita a uma mera combinação de meios – linhas, formas e cores – que proporcionam o prazer da beleza. Tampouco se limita a um simples registo do visível. No seu exercício estético, o artista carrega de uma força emotiva as linhas, formas e cores para comunicar o seu modo de ver, sentir e ser – a sua linguagem da alma. Rompe o seu silêncio, a sua incomunicabilidade, e exterioriza tudo aquilo que assimilou da existência.

O mais impressionante nas aguarelas de Pedro Charneca é que essa comunicação vem carregada do sentido poético que conduz a sua existência: aqui é um delicado passo de dança que é arrancado à cena, ganhando vida e linguagem própria; ali um instante fugaz eternizado, ou a própria palavra do poema feita poema visual… o artista desconstrói e reconstrói o quotidiano eternizando-o num exercício de Harmonia e Beleza. Aliado a esta sensibilidade poética, um enorme rigor técnico, conferindo à obra a sua grandeza e estatuto…

“Ninguém pode sonhar por ti”. Pedro Charneca abre-nos assim, com esta senha mágica, os portões do seu jardim encantado, onde a poesia se torna imagem e esta retorna poema… num fluxo eterno de harmonia e beleza…
 
Guimarães, Nov. de 2012

Alberto D’Assumpção

sábado, 27 de outubro de 2012

1. "ninguém pode sonhar por ti!"

Aguarela
14x20 cm
250.00 €

2. "ninguém pode sonhar por ti!"

Aguarela
32x64 cm

3. "ninguém pode sonhar por ti!"

Aguarela
14x20 cm
250.00

4. "ninguém pode sonhar por ti!"

Aguarela
30x45 cm
500.00

5. "ninguém pode sonhar por ti!"

Aguarela
20x28 cm
350.00

6. "ninguém pode sonhar por ti!"

Aguarela
39,5x29 cm
600.00

7. "ninguém pode sonhar por ti!"

Aguarela
14x20 cm
250.00

8. "ninguém pode sonhar por ti!"

Aguarela
14x20 cm
250.00

9. "ninguém pode sonhar por ti!"

Aguarela
37x56 cm
650.00

10. "ninguém pode sonhar por ti!"

Aguarela
14x20 cm
250.00

11. "ninguém pode sonhar por ti!"

Aguarela
29x39 cm
600.00

12. "ninguém pode sonhar por ti!"

Aguarela
20x14 cm
250,00

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Texto por: Eduardo Pinheiro

"ninguém pode sonhar por ti"
Aguarela
29x39,5 cm
550.00

Travessa das Anjinhas (Évora)

Abriu a porta do quarto mais recuado da casa grande da travessa. Era lá que se guardava. A parte de fora de si, claro. A outra, essa não a largava nunca, permanente, no bater cadenciado de cada pulsar do coração. A de dentro era a essência que lhe permitia respirar a finitude de ter pele e poder sentir-se, carne, osso, vida. Às vezes precisava de se m
udar por fora. Ou porque se tinha simplesmente fartado de assim ser, ou porque lhe aparecera um rasgão súbito que lhe trazia a urgência de ser outra. Ou só pelo gozo de se experimentar diferente. Mudava porque era chegada a hora, não havia necessidade de mais explicações. Avançou pelo quarto, closet de carapaça e epiderme, e olhou para as roupas de si ordeiramente penduradas. Havia-as de todos os feitios. Sérias. Sonhadoras. Determinadas. Amigas. Criminosas. Sensuais. Desleixadas. De várias cores. Rubras de paixão. Verdes de cansaço. Pretas de vergonha. Agora só tinha de escolher. Sentou-se num gesto de contemplação e surpresa perante a infinitude de possibilidadades. Respirou-se. Sentiu o ar da vida a sair-lhe. A entrar-lhe numa súplica de experiência. Levantou-se determinada e vestiu-se de longas asas brancas.
Eduardo Pinheiro